Gestão por diretrizes com foco em pessoas: o diferencial de empresas bem sucedidas

Conheça as 10 lições de Vicente Falconi que fizeram o sucesso na Ambev, Sadia, Gerdau e tantas outras

Na década de 1980, ao analisar a dinâmica das indústrias siderúrgicas do Japão, em uma de suas visitas ao país, um fato chamou a atenção do renomado consultor brasileiro Vicente Falconi. Referência em gestão e eleito uma das 21 vozes do século XXI pela American Society for Quality Control, Falconi observou que o que tornava a indústria daquele país uma das mais poderosas do mundo não era sua infraestrutura ou sua evolução tecnológica.

Naquela época, quando as usinas brasileiras já se encontravam em estágio avançado de robotização, muitas salas de controle nas siderurgias japonesas ainda funcionavam pelo sistema manual. Falconi percebeu, assim, que o que impulsionava o setor a bater todos os recordes de produtividade e qualidade era o nível de educação de seus trabalhadores e os sistemas gerenciais.

As conclusões de Falconi contribuíram para sedimentar muitas de suas premissas e embasar o desenvolvimento de suas metodologias de gestão, hoje internacionalmente reconhecidas. É especialmente um desses métodos que este artigo pretende abordar, com base em algumas obras do autor, buscando extrair contribuições para a educação corporativa moderna – o método de Gestão por Diretrizes com Foco em Pessoas.

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O que preconiza a Gestão por Diretrizes com Foco em Pessoas

Uma das máximas defendidas por Falconi para uma boa gestão é a resolução de problemas. O consultor afirma, categoricamente, que gerenciar é resolver problemas e atingir metas, e que dificuldades devem ser sempre identificadas e corrigidas, nunca “varridas para debaixo do tapete”.

A gestão por diretrizes com foco em pessoas visa exatamente à solução desses problemas, por meio de metas bem definidas e execução rigorosa de planos de ações. Resumidamente, seus preceitos consistem em: criar planos de ação e executá-los com rigor; desmembrar metas para todos os níveis hierárquicos da empresa; levar conhecimento constante para as equipes por meio de treinamento e desenvolvimento.

O método é simples e eficaz, como define seu próprio criador. Para funcionar, porém, um ingrediente é indispensável, a disciplina – algo que os trabalhadores japoneses têm de sobra e que é responsável pela performance extraordinária de suas organizações.

“Quando você simplifica e deixa tudo claro, a sensação é libertadora. O líder passa a escutar pessoas falando: nossa, que maravilha. Agora eu sei o que tenho de fazer, o que preciso entregar, quais são minhas prioridades”, reforça Falconi em seu livro O que importa é o resultado.

Porém, “sem disciplina e acompanhamento metódico da evolução, não se chega a lugar nenhum”, completa.

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Os 10 princípios fundamentais da gestão em Falconi

O pensamento de Vicente Falconi, adotado por empresas de sucesso como Ambev, Sadia e Gerdau, pode ser resumido em 10 fundamentos principais:

  1. Sem medição não há gestão.
  2. Cada chefia deve definir entre três e cinco metas prioritárias (não mais do que isso). As prioridades devem ser estabelecidas dentro de cada nível gerencial, de preferência por um critério financeiro.
  3. As métricas financeiras estão em primeiro lugar, não só para empresas, mas para governos e até igrejas.
  4. “Problema” é a diferença entre a situação atual e a meta.
  5. Alta rotatividade de funcionários é inaceitável numa empresa. Ela indica insatisfação das pessoas com as condições de trabalho e representa vazamento de informações da organização.
  6. Liderar é bater metas consistentemente, com o time fazendo o que é certo.
  7. É preciso demitir quando necessário. Desligar anualmente entre 5% e 10% de pessoas, entre aquelas que foram mal avaliadas, além de abrir espaço para novos valores, dá oportunidade aos demitidos de buscar atividades em que sejam mais felizes e valorizados.
  8. Desculpas não constroem uma organização e são patéticas.
  9. Em uma organização, pessoas devem ser constantemente desafiadas a buscar conhecimentos novos, e isso é feito por meio de metas ou de mudança de cargo, de forma a criar desconforto.
  10. Os resultados do passado não servem para o futuro.

Tomando como cartilha os fundamentos de Falconi, empresas como Brahma, Sadia e Gerdau conseguiram melhorar seus indicadores e alcançar os resultados planejados.

O sucesso de Ambev e Sadia com a gestão por diretrizes com foco em pessoas

Antes mesmo de se tornar Ambev, a Brahma já havia adotado o método de Falconi na área de vendas, aplicando pelo menos três de seus fundamentos: gente muito boa na companhia inteira; desenvolvimento de processos para padronizar as ações com base em boas práticas; e gestão dos processos através de resultados.

“Isso é 100% método Falconi”, admitia Luiz Fernando Edmond, à época presidente da companhia. O mindset era, essencialmente, criar rotinas, ter processos, fazer testes de forma científica e encarar um problema como algo bom, que pode ser resolvido.

Com o êxito alcançado a partir dessa estratégia, a Ambev tornou-se uma das maiores vitrines do modelo de gestão proposto por Falconi, que estendeu seus conceitos às outras companhias dirigidas pelo mesmo grupo: Kraft Heinz, Burger King e Lojas Americanas.

A partir de 1994, a Sadia também promoveu uma grande reestruturação a partir da metodologia falconiana. Buscando qualidade e redução de desperdícios, a empresa passou a estimular uma competição entre seus colaboradores por melhores propostas de soluções. O prêmio aos vencedores não incluía recompensa em dinheiro, mas reconhecimento público.

Nessa época, a companhia iniciou um processo de desdobramento de metas para todos os níveis hierárquicos. Mas para esse processo funcionar a pleno vapor, a empresa precisou promover a capacitação dos funcionários do chão de fábrica. Desde então, a Sadia não parou mais de investir, pesadamente, em programas de treinamento e desenvolvimento para seus trabalhadores.

As máximas de Falconi, comprovadas não apenas por Ambev e Sadia, mas por inúmeras organizações vencedoras do mercado, deixam clara uma das premissas essenciais do professor: uma organização só pode prosperar com gente motivada, disposta a resolver problemas, e não acomodada.

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A importância do treinamento e desenvolvimento contínuo dos colaboradores

Aqui se consagra a tríade para um sistema de gestão vencedor. Motivação, conhecimento e metas, três elementos que caminham juntos no desafio da competitividade.

Trocando tudo isso em duas dúzias de palavras, todos os funcionários devem ser estimulados a buscar conhecimento novo continuamente; a melhor maneira de fazer isso é criando desconforto; vale mudança de cargo, estabelecimento de metas difíceis (porém possíveis), ou qualquer outra iniciativa que tire da zona de conforto e leve ao crescimento.

No papel de propulsora da mudança e incentivadora dessa busca pelo conhecimento, as organizações têm a seu favor, atualmente, uma gama variada e inovadora de ferramentas. Destacam-se, sobretudo, as metodologias de educação corporativa on-line.

Assim, plataformas LMS, gamificação, ensino híbrido, mobile learning e microlearning já são considerados recursos imprescindíveis no treinamento empresarial, pelos efeitos que proporcionam na motivação e no engajamento dos colaboradores. São essas metodologias, sobretudo, que auxiliam empresas modernas e bem-sucedidas a abraçar e recrutar seus colaboradores para a mudança.

O que concluir de Falconi

Uma boa gestão padroniza processos e promove medições. A partir disso, gera indicadores e estabelece metas claras, com planos de ação específicos. À medida que a maturidade da empresa avança, é possível acrescentar tecnologia ao processo e ajustar as metas, lembrando sempre que tanto os objetivos muito frouxos quanto os extremamente difíceis serão desmotivantes para as pessoas.

Reproduzindo Falconi, “o mundo é como um ônibus: de um lado se senta quem bate a meta, do outro quem não a bate. Você tem de entrar e escolher de que lado do ônibus irá se sentar”.

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